segunda-feira, 13 de junho de 2011

O poder está subindo em sua cabeça?

Vários são os casos de pessoas bem sucedidas em suas atividades que manifestam sintomas de que o poder está subindo em suas cabeças.

Vemos isso com artistas, políticos, empresários, novos ricos, etc..
Isso fica ainda mais evidente quando uma dose (generosa) de dinheiro é adicionada à receita.

As vantagens do poder são óbvias – carros de luxo, jatos particulares, hotéis exclusivos, festas exclusivas.  Quase tudo se mostra ao alcance das mãos destas pessoas.
E quanto mais poderosa ela se considerar, mais provável será que ela se sinta mais confiante, cercada por bajuladores e imune ao debate e à discordância.

Estas pessoas desenvolvem a percepção (equivocada) de que o fato de terem conseguido sucesso (e dinheiro) lhes permite serem bem sucedidos em tudo o que decidirem fazer.
Adicionalmente a imensa maioria delas passa a se considerar um ser diferente dos demais.

A pessoa com tal sensação de poder passará a ver as outras pessoas como objetos com os quais ela poderá brincar.
Quais são os sinais que mostram que o poder está subindo em sua cabeça?

1 – Poucas pessoas discordam de você.
Com um grande poder vem junto um grande silêncio. Quando as pessoas não estão mais argumentando e divergindo com você, então você certamente não está mais recebendo o melhor delas. Vários são os CEOs de grandes empresas que, após experimentarem surpresas desagradáveis, dizem: "Eu gostaria que alguém tivesse me contestado" ou " As pessoas não podem ter receio de fazer perguntas desagradáveis. "
O interessante é que, mesmo depois de experimentarem situações desagradáveis, eles não conseguem imaginar uma única pessoa sequer desafiando-os ou contestando-os. Em contrapartida, em organizações vencedoras o que é característico é o debate feroz, pois se você não tiver bons argumentos, será triturado.

2 – Isolamento decisório.
Com a atitude de “dono da verdade”, de “todo poderoso”, imediatamente advém o isolamento decisório. O “poderoso” está sempre cercado de bajuladores. Aqueles que dele discordam passam a se afastar, a manter apenas contatos estritamente necessários (ou deixam a empresa. As decisões dele passam a ser de risco total. Ele decretou sua própria sentença de morte porque a infalibilidade certamente é algo que não existe e cedo ou tarde ele irá decidir equivocadamente. E tudo começará a ruir rapidamente. Os bajuladores, como os ratos, serão os primeiros a se afastarem. Esta é uma das causas da impermanência do sucesso das organizações de todas as formas.

3 - Comportamentos erráticos.
Muitas destas pessoas acreditam que seu sucesso lhes garantirá bons resultados em qualquer outra iniciativa. Afinal, se elas sempre foram bem sucedidas e altamente recompensadas por isso, é lógico (embora incorreto) imaginar que essa seqüência de sucessos será algo natural e inerente.
É bastante significativo o número de pessoas que enriqueceram antes dos quarenta anos, e que tiveram algum caso amoroso. Elas nem sequer conseguem mais ver o perigo. Elas pensam que as esposas nunca vão saber. Todo o restante em suas vidas deu certo, então elas pensam que têm algum tipo de magia, que podem ter tudo que querem e que são invulneráveis.  E mais, alguns pensam: “Dou o melhor para a minha família, graças ao meu sacrifício pessoal, então acho justo que eu aproveite também”.


4 – A perda da fé.
Não falo aqui de religiosidade e nem de uma determinada fé. Falo da crença em algo que transcende a vida terrena. Algo que precede e transcende o eu. O olhar para dentro na busca da essência da vida passa a ser impensável para estas pessoas. Pessoas são apenas meros coadjuvantes de suas vidas. E entre elas as pessoas da própria família. Elas costumam acreditar (e dizer) que “você vale pelo que tem” ou “que você vale pelo que lhe pagam”. Quanto mais pagam para elas, maior é o “valor” que elas imaginam ter.

5 – A perda do amor.
Para estas pessoas tudo se resume àquilo que elas têm ou podem ter. Podem ter um carro de luxo, um iate, um avião. Podem comprar até mesmo a companhia de uma mulher linda e famosa. Podem ter 500 pessoas presentes em sua festa de aniversário. Amor é algo que para estas pessoas não passa de uma commodity que se compra com pouco dinheiro. Ao final desaparecem os verdadeiros amigos, os filhos, a esposa, irmãos... Talvez lhes reste o amor da mãe ou do pai, se vivos, pois este é incondicional. Mas em seus corações o amor é uma flor que jamais consegue desabrochar. Invariavelmente estas pessoas passam a sofrer de um vazio inexplicável (para elas) e se refugiam na bebida, nas drogas, nas festas ruidosas, no prazer efêmero.
Se você conhece outros sinais de que o poder está subindo na cabeça de alguém, divida conosco postando sua valiosa contribuição neste blog.

Abraços

Um comentário:

  1. Marianne Kellner Haak13 de junho de 2011 às 10:52

    Olá, excelente artigo! Em 20 anos de carreira, já me deparei inúmeras vezes com executivos cujas características são exatamente as apresentadas: coisificam as pessoas, tratam-nas como objetos, descartáveis ou não conforme a vontade do dia, e que passam a deixar o "ser" em detrimento do "ter". Valorizam e ostentam símbolos de luxo, passam ter relações extraconjugais facilmente e acham que este é um caminho natural de vida, inclusive com relação a colaboradoras da organização onde trabalham. Entram no frenesi do casa-separa, do admite-demite, do morde-assopra. Algo que percebi, também, é que são executivos "apreciados" pelas empresas, já que geram resultados no curto prazo e nunca mostram sua real identidade para " os de cima". São sempre seus subordinados que enxergam a verdadeira face; os superiores convivem apenas com a máscara. E são os sujeitos mais vulneráveis para serem objetos de ações de assédio moral. Porém, fica uma pergunta: num mundo cuja sustentabilidade dos negócios é geralmente muito curta, não passando da 3a geração, qual o risco que as empresas absorvem ao contratar estes profissionais, que tendem a não contribuir para a longevidade e saúde da empresa no longo prazo?

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