Recebi vários e-mails a respeito do artigo da semana passada, todos me perguntando algo do tipo “o que devo fazer para modificar tais comportamentos”?
Cito aqui uma das mais sábias frases de Peter Drucker:
“Nós investimos um bom tempo ensinando os líderes a respeito do que eles devem fazer. Nós não investimos tempo suficiente ensinando os líderes a respeito do que eles devem parar de fazer. Metade dos líderes com quem me reuni não precisam aprender o que devem fazer. Eles precisam aprender o que devem parar de fazer.”
Não há qualquer sistema de reconhecimento pelo ato de evitar uma má decisão ou pela eliminação de um comportamento inadequado. Nosso desempenho somente se baseia no que produzimos, nos números que obtivemos.
Além da já conhecida “TO DO LIST”, deveríamos ter sempre à mão a nossa “TO STOP LIST”.
Creio que estes três parágrafos sintetizam a resposta à pergunta “o que devo fazer?”.
Na maior parte dos casos a solução é simples: basta “deixar de fazer”.
Se as pessoas que trabalham com você reportam que você não as deixa concluir o que estão dizendo, interrompendo-as por discordar da ideia logo no começo, basta parar de interromper, basta ouvir até o fim e dizer “obrigado, eu vou analisar com carinho”. Ou simplesmente não diga nada. Só ouça até o final.
Se as pessoas que trabalham com você reportam que você é sempre muito crítico, mesmo quando você receber uma ideia não tão brilhante assim, basta não criticar. Não diga nada. Ninguém gosta de ser criticado.
Se as pessoas que trabalham com você reportam que você sempre tem que acrescentar o “seu toque” às ideias que elas lhe trazem, basta parar de fazer isso. A outra pessoa se sentirá como se você estivesse se apropriando de parte da ideia dela e, obviamente, sua motivação despencará significativamente.
Ao invés de ficar imaginando que comportamentos você deveria passar a adotar para que as pessoas o vissem de modo diferente, incluindo um cardápio que envolveria “sorrisos simpáticos, cumprimentos mais efusivos, perguntando como foi o dia anterior da pessoa”, tentando ser diferente de quem você de fato é, basta simplesmente você deixar de fazer o que aborrece as outras pessoas.
Como bem destaca o famoso guru do coaching de líderes norte americano Marshal Goldsmith “Felizmente existe uma forma simples para atingir o objetivo de ser visto como alguém mais legal. Tudo o que você precisa fazer é deixar de ser um chato”.
Assim você nem precisará aprender novos comportamentos. Bastará deixar de usar os comportamentos inadequados.
Quanto mais você sobe na estrutura hierárquica, mais evidentes se tornarão os seus problemas comportamentais.
O que o diferenciará dos demais não será a sua formação acadêmica, o seu conhecimento sobre o mercado financeiro, a sua capacidade de fazer cálculos mentalmente. Será o seu comportamento.
O mais incrível é que os líderes têm dificuldade em perceber que eles adotam os comportamentos que incomodam e aborrecem os outros. Eles simplesmente “desligam”.
Mas as pessoas que trabalham com eles jamais se esquecem.
É por isso que não utilizamos qualquer instrumento de auto percepção ou auto diagnóstico em nosso trabalho de executive coaching.
O que vale é o impacto que provocamos nos outros. E isso, só os outros podem nos contar.
Um forte abraço