Neste último
artigo desta série comentarei a respeito do quarto estilo de pessoas, que
chamamos de Estilo Controlador, marcado pela necessidade mais acentuada de
satisfação da necessidade de Realizar, no sentido de Apresentar, Obter
Resultados.
A busca pela
Apresentação de Resultados é sem dúvida um dos atributos mais positivos para a
obtenção de sucesso, na medida em que este componente do DNA é capaz de
conduzir a pessoa para a adoção de ações marcadas pela determinação, pelo foco,
pela objetividade.
Os portadores
deste atributo são geralmente vistos pelos outros como pessoas determinadas,
que definem um objetivo a ser atingido e colocam toda a sua energia na obtenção
deste objetivo. São normalmente pessoas que colocam suas opiniões de modo
direto e claro, demonstrando alguma impaciência quando seu tempo é tomado por
outras pessoas não tão diretas e claras quanto elas. Decidem sempre de modo realista,
pragmático e no mais curto espaço de tempo possível.
As pessoas com
este componente de DNA são, invariavelmente, mais dominadoras e menos
emocionais.
Entretanto, uma
mutação genética neste DNA costuma levar o seu portador a exteriorizar
comportamentos ditatoriais, despóticos, tirânicos, revelando insensibilidade,
dificuldade de ouvir até o final, impaciência e agressividade.
Adicionalmente
estas pessoas apresentam, quando ocorre a tal mutação genética, grande dificuldade
em lidar com ideias diferentes das suas.
Neste estágio,
apesar de serem profissionais produtores de resultados, capazes de extrair o
máximo da produtividade das pessoas, não conseguem manter suas equipes por
muito tempo, dado o stress que causam ao seu redor.
No longo prazo
acabam formando equipes de seguidores que dificilmente discordam dele, em
prejuízo da criatividade e da inovação. No limite, formam apenas máquinas de
reproduzir as suas vontades. Conseguem gerar resultados no curto prazo - talvez
até no médio prazo - mas cuja sustentabilidade no longo prazo se apresenta com
alto risco.
Como esta
mutação ocorre de maneira progressiva, ao longo do tempo, seu portador costuma
não ter consciência das suas manifestações.
Como este
estilo produz resultados, seu portador olha para trás, vê os resultados que
obteve, e passa a acreditar que possui a fórmula capaz de sempre gerar
resultados, e que qualquer que seja o desafio que lhe apresentem, bastará utilizar
esta fórmula para que os resultados apareçam.
Entretanto,
quando eu entrevisto seus stakeholders, os comportamentos indesejados deste
estilo de executivo são rapidamente destacados. Eles percebem claramente estes
comportamentos, sentem seus efeitos negativos nas pessoas e sabem o dano que
tais comportamentos provocam na carreira do seu portador e na organização.
Mas,
dificilmente dizem isso ao seu portador. Ele se fixaria nos resultados obtidos
para defender seus posicionamentos. Tornar-se-ia ainda mais dominador,
independente, podendo migrar rapidamente para a tirania e para a retaliação de
seus críticos.
Quando eu
apresento ao executivo com esta mutação genética o relatório da pesquisa que
faço junto aos seus stakeholders, sua reação costuma ser de negação e de
explicação do quanto seus stakeholders são cegos para os resultados que sua
atuação vem proporcionando para a organização.
Imediatamente
revelam que, no fundo, estão buscando identificar cada autor de cada comentário
apresentado no relatório, como se estivesse me enviando um recado: “eu vou pegar cada um deles”. Em um
estágio mais profundo chegam a exteriorizar coisas do tipo: “isso só deixa claro que eu tenho mesmo que
bater forte neste pessoal”.
Para mim, que
observo sob um ângulo privilegiado tais comportamentos, fica evidente a
exacerbação da agressividade e da tentativa de busca do controle absoluto.
É, mais uma
vez, a evidência da mutação genética promovendo os seus efeitos danosos. É como
um remédio que em dose errada vira veneno.
Como mencionei
nos artigos anteriores desta série, a mutação genética equivale a uma grave
doença, um câncer que se espalha pelo indivíduo e o aniquila se não for tratado
de maneira disciplinada e determinada. E assim como o tratamento de um câncer,
o processo de mudanças é longo e doloroso. E nos portadores deste DNA isso é
particularmente ainda mais doloroso.
Novamente, fica
claro que a mudança comportamental não é somente uma opção, e sim uma
obrigação. Não mudar pode significar o fim da carreira.
Especialmente
para os executivos com este estilo eu finalizo esta série de artigos com a
frase que se tornou título do livro mais vendido pelo renomado consultor
Marshal Goldsmith:
“O que o trouxe até aqui pode não levá-lo
mais adiante.”Um forte abraço