domingo, 22 de abril de 2012

MUTAÇÕES GENÉTICAS NOS EXECUTIVOS – Final.

Nos artigos anteriores comentei a respeito de três dos quatro estilos de pessoas, que chamamos por Estilo Promotor, Estilo Facilitador e Estilo Analítico.

Neste último artigo desta série comentarei a respeito do quarto estilo de pessoas, que chamamos de Estilo Controlador, marcado pela necessidade mais acentuada de satisfação da necessidade de Realizar, no sentido de Apresentar, Obter Resultados.
A busca pela Apresentação de Resultados é sem dúvida um dos atributos mais positivos para a obtenção de sucesso, na medida em que este componente do DNA é capaz de conduzir a pessoa para a adoção de ações marcadas pela determinação, pelo foco, pela objetividade.

Os portadores deste atributo são geralmente vistos pelos outros como pessoas determinadas, que definem um objetivo a ser atingido e colocam toda a sua energia na obtenção deste objetivo. São normalmente pessoas que colocam suas opiniões de modo direto e claro, demonstrando alguma impaciência quando seu tempo é tomado por outras pessoas não tão diretas e claras quanto elas. Decidem sempre de modo realista, pragmático e no mais curto espaço de tempo possível.
As pessoas com este componente de DNA são, invariavelmente, mais dominadoras e menos emocionais.

Entretanto, uma mutação genética neste DNA costuma levar o seu portador a exteriorizar comportamentos ditatoriais, despóticos, tirânicos, revelando insensibilidade, dificuldade de ouvir até o final, impaciência e agressividade.
Adicionalmente estas pessoas apresentam, quando ocorre a tal mutação genética, grande dificuldade em lidar com ideias diferentes das suas.

Neste estágio, apesar de serem profissionais produtores de resultados, capazes de extrair o máximo da produtividade das pessoas, não conseguem manter suas equipes por muito tempo, dado o stress que causam ao seu redor.
No longo prazo acabam formando equipes de seguidores que dificilmente discordam dele, em prejuízo da criatividade e da inovação. No limite, formam apenas máquinas de reproduzir as suas vontades. Conseguem gerar resultados no curto prazo - talvez até no médio prazo - mas cuja sustentabilidade no longo prazo se apresenta com alto risco.

Como esta mutação ocorre de maneira progressiva, ao longo do tempo, seu portador costuma não ter consciência das suas manifestações.
Como este estilo produz resultados, seu portador olha para trás, vê os resultados que obteve, e passa a acreditar que possui a fórmula capaz de sempre gerar resultados, e que qualquer que seja o desafio que lhe apresentem, bastará utilizar esta fórmula para que os resultados apareçam.

Entretanto, quando eu entrevisto seus stakeholders, os comportamentos indesejados deste estilo de executivo são rapidamente destacados. Eles percebem claramente estes comportamentos, sentem seus efeitos negativos nas pessoas e sabem o dano que tais comportamentos provocam na carreira do seu portador e na organização.
Mas, dificilmente dizem isso ao seu portador. Ele se fixaria nos resultados obtidos para defender seus posicionamentos. Tornar-se-ia ainda mais dominador, independente, podendo migrar rapidamente para a tirania e para a retaliação de seus críticos.

Quando eu apresento ao executivo com esta mutação genética o relatório da pesquisa que faço junto aos seus stakeholders, sua reação costuma ser de negação e de explicação do quanto seus stakeholders são cegos para os resultados que sua atuação vem proporcionando para a organização.
Imediatamente revelam que, no fundo, estão buscando identificar cada autor de cada comentário apresentado no relatório, como se estivesse me enviando um recado: “eu vou pegar cada um deles”. Em um estágio mais profundo chegam a exteriorizar coisas do tipo: “isso só deixa claro que eu tenho mesmo que bater forte neste pessoal”.

Para mim, que observo sob um ângulo privilegiado tais comportamentos, fica evidente a exacerbação da agressividade e da tentativa de busca do controle absoluto.
É, mais uma vez, a evidência da mutação genética promovendo os seus efeitos danosos. É como um remédio que em dose errada vira veneno.

Como mencionei nos artigos anteriores desta série, a mutação genética equivale a uma grave doença, um câncer que se espalha pelo indivíduo e o aniquila se não for tratado de maneira disciplinada e determinada. E assim como o tratamento de um câncer, o processo de mudanças é longo e doloroso. E nos portadores deste DNA isso é particularmente ainda mais doloroso.
Novamente, fica claro que a mudança comportamental não é somente uma opção, e sim uma obrigação. Não mudar pode significar o fim da carreira.

Especialmente para os executivos com este estilo eu finalizo esta série de artigos com a frase que se tornou título do livro mais vendido pelo renomado consultor Marshal Goldsmith:
“O que o trouxe até aqui pode não levá-lo mais adiante.”

Um forte abraço