domingo, 8 de abril de 2012

MUTAÇÕES GENÉTICAS NOS EXECUTIVOS – Parte 2.

No artigo anterior comentei o primeiro dos quatro estilos de pessoas, que chamamos de Estilo Promotor.

Neste artigo comentarei a respeito do segundo dos quatro estilos de pessoas, que chamamos de Estilo Facilitador, que é marcado pela necessidade mais acentuada de satisfação da necessidade de Aceitação pelos Outros.
A busca pela Aceitação pelos outros é um atributo positivo para a obtenção de sucesso, na medida em que este componente do DNA é capaz de conduzir a pessoa para a formação de equipes motivadas, atuando em um ambiente cooperativo, marcado pela harmonia e pelo bem estar de seus membros. Este propulsor interior alavanca os comportamentos das pessoas portadoras deste atributo de uma forma específica e que produz efeitos positivos, capazes de promover sua imediata aceitação pelas outras pessoas. Os portadores deste atributo são geralmente vistos pelos outros como pessoas gentis, amáveis, preocupadas com o bem estar dos que estão ao seu redor, cooperativas, bons ouvintes, sempre em busca da conciliação das pessoas. São hábeis na obtenção de consenso, na formação de decisões compartilhadas e na solução de conflitos.

Entretanto, uma mutação genética neste DNA leva o seu portador a exteriorizar comportamentos inadequados. É como se o efeito desejado – a Aceitação pelos Outros - fosse o fim objetivado, e não a consequência de suas realizações.
Nestes casos a mutação genética leva o indivíduo a apresentar comportamentos vacilantes, revelando dificuldade em tomar decisões que possam parecer impopulares, mesmo que imprescindíveis, e se mostrando preocupado com o efeito delas sobre as outras pessoas.

Os portadores desta mutação genética acabam sendo vistos pelos outros como pessoas fracas, e sem objetivos definidos.
Esta mutação genética conduz as pessoas deste estilo à perda da Autenticidade, levando-os a aceitar e a concordar com situações com as quais eles não concordariam ou que não aceitariam, para evitar conflitos.

A necessidade exagerada de ser aceito pelos outros (a mutação genética) leva estas pessoas à dificuldade em manter um foco em suas atividades e a manifestar um posicionamento claro. São frequentemente interrompidas pelas outras pessoas e não conseguem dizer não, mesmo em prejuízo do seu trabalho.
Os outros sempre estarão em primeiro lugar. A aceitação por parte dos outros é mais forte do que qualquer outra coisa.

Como esta mutação ocorre de maneira progressiva, ao longo do tempo, seu portador costuma não ter consciência de todas as suas manifestações.
Entretanto, quando entrevisto seus stakeholders, estes comportamentos são rapidamente destacados. Eles percebem estes comportamentos, eles sentem os efeitos negativos destes comportamentos, eles convivem com o desconforto por eles provocado, eles sabem o dano que tais comportamentos provocam na carreira do seu portador e na organização.

Mas, dificilmente dizem isso ao seu portador. Ele se sentiria atingido pessoalmente, sofreria, talvez até viesse a adoecer, e não reagiria, optaria por desabafar com as pessoas mais “amigas” dentro da organização e, inconscientemente, criaria um grupo de “simpatizantes” que se identificaria com as suas dores, promovendo algum grau de desalinhamento organizacional.
Durante o processo de coaching eu apresento ao executivo o relatório da pesquisa que faço junto aos seus stakeholders. E o executivo que apresenta esta mutação genética costuma receber o resultado como uma vítima, uma pessoa sofredora, alguém perseguido por alguns colegas, uma pessoa alguém “do bem”, vítima de pessoas “selvagens” que colocam os resultados acima de tudo.

Na medida em que ele vai lendo o relatório sua fisionomia se altera sensivelmente, assim como sua voz, suas expressões revelam algum sofrimento com o que está lendo, e não raro sua reação final é de dor e de impotência.  
Em seguida vem a tentativa de explicar porque as pessoas “provavelmente” o “julgam” desta maneira, ao invés de notarem o quanto ele se preocupa com o bem estar e com a harmonia na organização.

É a evidência da mutação genética promovendo os seus efeitos danosos.
Como mencionei no artigo da semana passada, a mutação genética equivale a um câncer que se espalha pelo indivíduo e o aniquila, se não for tratado de maneira disciplinada e determinada. E assim como o tratamento de um câncer, o processo de mudanças é longo e doloroso.

Novamente a mudança comportamental não é uma opção, e sim uma obrigação. No ambiente profissional, assim como no caso do câncer, o tratamento não é uma opção. A opção é a morte.

No próximo artigo falaremos sobre o estilo Analítico, que é marcado pela necessidade mais acentuada de satisfação da necessidade de Estar Seguro, de ter a certeza de que Está Correto.

Um forte abraço