Sabemos que
nascemos com cerca de 50% dos nossos comportamentos, que constituem nossa
natureza. E sabemos que mais 40% dos nossos comportamentos são consolidados nos
primeiros anos de aprendizagem, algo que varia entre 7 e 10 anos, quando então
temos um estoque de cerca de 90% dos nossos comportamentos, que passamos a
repetir automaticamente ao longo da vida.
Graças aos
estudiosos da psicologia temos à nossa disposição ferramentas que permitem o
agrupamento das pessoas por semelhanças de comportamentos por elas
apresentados. Mesmo considerando as pequenas variações entre os principais
estudos, gosto do modelo chamado Estilos Sociais, porque ele parte da
observação dos comportamentos exteriorizados para chegar à essência por trás
destes comportamentos.
Neste caso
temos 4 estilos de pessoas. Cada um destes estilos possui o que chamarei neste
artigo de DNA, sem a pretensão de usar esta sigla com a sua natureza médica.
O objetivo
deste artigo, e dos próximos três que enviarei semanalmente, é mostrar a força
natural que o DNA de cada estilo confere ao seu portador e que pode conduzi-lo
ao sucesso em todos os campos de sua vida, e ao mesmo tempo mostrar as mutações
genéticas que podem surgir e que poderão conduzi-lo ao fracasso, ao insucesso
em todos os campos.
Gostaria de
iniciar esta série de quatro artigos pelo estilo que batizamos de Promotor, e
que é marcado pela necessidade mais acentuada de satisfação da necessidade de
Reconhecimento Pessoal ou, como também é denominada, por necessidade de Poder e
Prestígio.
A busca pelo
reconhecimento pessoal, pelo prestígio, pelo poder, é em si um atributo
positivo para a obtenção de sucesso. Podemos dizer que este DNA é capaz de
conduzir a pessoa para a busca de realizações capazes de destacá-la das demais
pessoas. Este propulsor interior alavanca os comportamentos das pessoas
portadoras deste atributo de uma forma específica e que produz efeitos
altamente positivos, capazes de promover a imediata percepção pelas outras
pessoas do grande efeito proporcionado pelas suas realizações.
Entretanto,
uma mutação genética neste DNA leva o seu portador a projetar comportamentos
descontrolados, exagerados. É como se o efeito desejado fosse mais importante
do que o feito produzido e que deveria ser a origem do efeito desejado.
Nestes casos a
mutação genética leva o indivíduo a se comportar de modo exibicionista, vaidoso,
impulsivo, prometendo muito mais do que pode cumprir, ávido por receber elogios
em público, revelando falta de humildade, muitas vezes até apresentando uma
visível (para os outros) falsa modéstia, e que sob tensão ou pressão se mostra
agressivo e destemperado.
Como esta
mutação ocorre ao longo do tempo, progressivamente, seu portador raramente tem
consciência de suas manifestações.
Entretanto,
quando entrevistamos seus stakeholders estes comportamentos são rapidamente
destacados. Eles percebem estes comportamentos, eles sentem os efeitos
negativos destes comportamentos, eles convivem com o desconforto por eles
provocado, eles sabem o dano que tais comportamentos provocam na carreira do
seu portador e na organização.
Mas, dificilmente
dizem isso ao seu portador. Ele se ofenderia, reagiria de modo agressivo,
destemperado. “Tentaria dar o troco na primeira oportunidade”. Seria como jogar
gasolina no incêndio. E assim, a cena que se repete é “falarem do sujeito pelas
suas costas”, rotulando-o de forma inevitável.
Durante o processo
de coaching eu apresento ao executivo o relatório da pesquisa que fiz junto aos
seus stakeholders (escolhidos pelo próprio executivo). E o executivo que
apresenta esta mutação genética costuma receber o resultado de modo
“especialmente diferente” dos demais.
Na medida em
que ele vai lendo o relatório sua fisionomia se altera sensivelmente, sua voz
se modifica, suas expressões revelam sua discordância com o que está lendo, seu
desconforto com a cadeira se mostra evidente, não raro sua reação final é dura,
violenta, agressiva, revelando prioritariamente o desejo de identificar quem
disse o que e de dar o troco.
Em seguida à
negação vem o processo de defensividade, na busca de explicar porque as pessoas
(equivocadamente, é óbvio) o vêm desta maneira.
É a prova mais
evidente da mutação genética promovendo os seus efeitos danosos.
Seus feitos,
suas realizações, não são mais a origem do seu reconhecimento pessoal. O
reconhecimento pessoal, o poder e o prestígio não são mais as consequências de
seus feitos, de suas realizações. O reconhecimento pessoal, o poder e o
prestígio passaram a ser o fim.
A mudança de
comportamentos se torna imperiosa, pois afeta negativamente a todos ao seu
redor, não se mantendo restrito aos seus relacionamentos no ambiente de
trabalho em sua empresa, mas invadindo seu lar e todos os seus demais
relacionamentos.
Como o
tratamento de um câncer, o processo de mudanças é longo, doloroso, exigindo
disciplina e determinação, e deve ser iniciado com toda a urgência.No próximo artigo falaremos sobre o estilo Facilitador, que é marcado pela necessidade mais acentuada de satisfação da necessidade de Aceitação pelos Outros.
Um forte abraço