domingo, 22 de abril de 2012

MUTAÇÕES GENÉTICAS NOS EXECUTIVOS - Parte 1.

Já abordei anteriormente o processo de consolidação dos nossos comportamentos, objeto de inúmeras pesquisas em todo o mundo.

Sabemos que nascemos com cerca de 50% dos nossos comportamentos, que constituem nossa natureza. E sabemos que mais 40% dos nossos comportamentos são consolidados nos primeiros anos de aprendizagem, algo que varia entre 7 e 10 anos, quando então temos um estoque de cerca de 90% dos nossos comportamentos, que passamos a repetir automaticamente ao longo da vida.

Graças aos estudiosos da psicologia temos à nossa disposição ferramentas que permitem o agrupamento das pessoas por semelhanças de comportamentos por elas apresentados. Mesmo considerando as pequenas variações entre os principais estudos, gosto do modelo chamado Estilos Sociais, porque ele parte da observação dos comportamentos exteriorizados para chegar à essência por trás destes comportamentos.

Neste caso temos 4 estilos de pessoas. Cada um destes estilos possui o que chamarei neste artigo de DNA, sem a pretensão de usar esta sigla com a sua natureza médica.
O objetivo deste artigo, e dos próximos três que enviarei semanalmente, é mostrar a força natural que o DNA de cada estilo confere ao seu portador e que pode conduzi-lo ao sucesso em todos os campos de sua vida, e ao mesmo tempo mostrar as mutações genéticas que podem surgir e que poderão conduzi-lo ao fracasso, ao insucesso em todos os campos.

Gostaria de iniciar esta série de quatro artigos pelo estilo que batizamos de Promotor, e que é marcado pela necessidade mais acentuada de satisfação da necessidade de Reconhecimento Pessoal ou, como também é denominada, por necessidade de Poder e Prestígio.

A busca pelo reconhecimento pessoal, pelo prestígio, pelo poder, é em si um atributo positivo para a obtenção de sucesso. Podemos dizer que este DNA é capaz de conduzir a pessoa para a busca de realizações capazes de destacá-la das demais pessoas. Este propulsor interior alavanca os comportamentos das pessoas portadoras deste atributo de uma forma específica e que produz efeitos altamente positivos, capazes de promover a imediata percepção pelas outras pessoas do grande efeito proporcionado pelas suas realizações.

Entretanto, uma mutação genética neste DNA leva o seu portador a projetar comportamentos descontrolados, exagerados. É como se o efeito desejado fosse mais importante do que o feito produzido e que deveria ser a origem do efeito desejado.

Nestes casos a mutação genética leva o indivíduo a se comportar de modo exibicionista, vaidoso, impulsivo, prometendo muito mais do que pode cumprir, ávido por receber elogios em público, revelando falta de humildade, muitas vezes até apresentando uma visível (para os outros) falsa modéstia, e que sob tensão ou pressão se mostra agressivo e destemperado.

Como esta mutação ocorre ao longo do tempo, progressivamente, seu portador raramente tem consciência de suas manifestações.

Entretanto, quando entrevistamos seus stakeholders estes comportamentos são rapidamente destacados. Eles percebem estes comportamentos, eles sentem os efeitos negativos destes comportamentos, eles convivem com o desconforto por eles provocado, eles sabem o dano que tais comportamentos provocam na carreira do seu portador e na organização.

Mas, dificilmente dizem isso ao seu portador. Ele se ofenderia, reagiria de modo agressivo, destemperado. “Tentaria dar o troco na primeira oportunidade”. Seria como jogar gasolina no incêndio. E assim, a cena que se repete é “falarem do sujeito pelas suas costas”, rotulando-o de forma inevitável.

Durante o processo de coaching eu apresento ao executivo o relatório da pesquisa que fiz junto aos seus stakeholders (escolhidos pelo próprio executivo). E o executivo que apresenta esta mutação genética costuma receber o resultado de modo “especialmente diferente” dos demais.

Na medida em que ele vai lendo o relatório sua fisionomia se altera sensivelmente, sua voz se modifica, suas expressões revelam sua discordância com o que está lendo, seu desconforto com a cadeira se mostra evidente, não raro sua reação final é dura, violenta, agressiva, revelando prioritariamente o desejo de identificar quem disse o que e de dar o troco.

Em seguida à negação vem o processo de defensividade, na busca de explicar porque as pessoas (equivocadamente, é óbvio) o vêm desta maneira.

É a prova mais evidente da mutação genética promovendo os seus efeitos danosos.

Seus feitos, suas realizações, não são mais a origem do seu reconhecimento pessoal. O reconhecimento pessoal, o poder e o prestígio não são mais as consequências de seus feitos, de suas realizações. O reconhecimento pessoal, o poder e o prestígio passaram a ser o fim.

A mudança de comportamentos se torna imperiosa, pois afeta negativamente a todos ao seu redor, não se mantendo restrito aos seus relacionamentos no ambiente de trabalho em sua empresa, mas invadindo seu lar e todos os seus demais relacionamentos.
Como o tratamento de um câncer, o processo de mudanças é longo, doloroso, exigindo disciplina e determinação, e deve ser iniciado com toda a urgência.

No próximo artigo falaremos sobre o estilo Facilitador, que é marcado pela necessidade mais acentuada de satisfação da necessidade de Aceitação pelos Outros.
Um forte abraço